Minha história:
Sou Aline dos Santos Moreira, meu interesse pela saúde e pela ciência começou durante minha adolescência, no antigo segundo grau, atualmente, Ensino Médio. Conversando com meu professor de Biologia sobre minha vontade em fazer pesquisas médicas, ele me orientou a cursar biomedicina e foi assim que fui graduada em ciências Biológicas modalidade médica (1999) pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio http://www.unirio.br/ ).
Durante a graduação tive várias experiências em diferentes áreas de atuação e instituições (Análises Clínicas, Parasitologia, Bioquímica, Imunologia). Porém foi na Fundação Oswaldo Cruz, em 1996 que conheci e me encantei pela Biologia Molecular, precisamente por sequenciamento de DNA.
Na época fui para o laboratório de AIDS e Imunologia Molecular (IOC), onde comecei minha história acadêmica, como aluna de Iniciação Científica (IC) sob a orientação da Dra. Mariza Gonçalves Morgado. Nesse período, o foco do trabalho era avaliar o polimorfismo genético do vírus HIV-1 de pacientes infectados. Junto com a, então tecnologista, Monick Lindenmeyer Guimarães implantamos o setor de Biologia Molecular e sequenciamento de DNA do Laboratório de AIDS. Foi uma oportunidade ímpar que abracei com intensidade. Assim tive a oportunidade de adquirir conhecimento numa área que estava em amplo crescimento no país. Nesse período, os primeiros sequenciadores automáticos começavam a ser instalados no País e a Fiocruz foi pioneira nesse processo. Com isso, começamos a entender de forma mais célere o perfil genético e como a variabilidade desses vírus poderiam interferir na infecção dos pacientes e na progressão para a Aids.
Os trabalhos publicados nessa época contribuíram para surgimento de drogas mais efetivas no tratamento da Aids e tenho muito orgulho de ter feito parte desse grupo de pesquisadores. Em 2001, defendi o mestrado em biologia molecular do HIV-1 pela PGBCM/IOC e em seguida fui contratada como pesquisadora assistente no Instituto Nacional de Câncer (INCA), na divisão de Genética, chefiado pelo querido e saudoso Dr. Hector Seuanez. Lá, gerenciei o serviço de sequenciamento de DNA, atendendo a vários laboratórios do Centro de Pesquisas do INCA e participando de diferentes projetos. Dentre esses, destaco o programa de aconselhamento genético de pacientes com câncer de mama, cólon, útero e ovário, que juntamente com o Pesquisador Miguel Angelo Martins Moreira, Dr. Fernando Regla Vargas e demais profissionais da saúde que compunham uma equipe multidisciplinar que visava avaliar a predisposição genética de pacientes oncológicos seguindo alguns critérios de inclusão. Foi uma experiência ampla, valorizando a importância de servir a população e contribuir com uma resposta efetiva ao tratamento de pacientes com câncer.
Em 2006, assumi o cargo de Tecnologista em Saúde Pública e nesse ano foi meu primeiro contato com a ideia de prestação de serviço tendo como foco o compartilhamento de grandes equipamentos com suporte especializado, atendendo a todos os pesquisadores de forma equânime.
Nessa época, as Plataformas Tecnológicas Fiocruz estavam ligadas ao Programa de Desenvolvimento Tecnológico e Insumos para a Saúde (PDTIS). Inicialmente, fui responsável técnica da plataforma Sequenciamento de DNA por Eletroforese Capilar (metodologia Sanger). Em seguida, em 2008, me tornei Coordenadora da mesma plataforma acima citada mais a plataforma de Análise de Microssatelites. Sempre
trabalhando com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço realizado para todos, intra e extramuros Fiocruz.
Em 2014, comecei o doutorado na PGBCM/IIC, sob a orientação do Dr. Wim Degrave e Dra. Mariana Caldas Wagabi com o tema que sempre me estimulou e que ainda me fascina: buscar novas moléculas terapêuticas e diagnósticas em câncer.
Em 2016, me tornei coordenadora de mais uma plataforma, a de Sequenciamento de nova geração (NGS). Junto com uma equipe muito competente, especializada e que muito admiro, as plataformas Genômica de Sequenciamento por eletroforese de Capilar, Análise de Microssatelites e de Sequenciamento de Nova Geração, atendemos atualmente mais de 400 clientes, sendo essses pesquisadores, alunos, médicos da Fiocruz e outras instituições de pesquisa. Tudo com muita qualidade no serviço prestado.
Defendi o doutorado em 2018, considerado um projeto novo e bastante inovador, o resultado desse trabalho foi o depósito de uma patente nacional e internacional em diagnóstico e tratamento em câncer de próstata, mama e ovário.
Toda essa experiência, seja na pesquisa, mas também no serviço, me levou em seguida a conhecer e aprender mais sobre inovação tecnológica e que colocou a mim e aos meus amigos e parceiros do antigo Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática (LAGFB) e atual Laboratório de Genômica aplicada e Bioinovações (LAGABI)em um novo desafio, o programa Inovalabs que nos permitiu conhecer mais sobre empreendedorismo e inovação. Esse programa nos estimulou a criar e tornar nossos resultados na pesquisa em produtos que podem ser utilizados na população em geral através do SUS. Esse programa nos deu um prêmio no primeiro Inovalabs com a criação da start up OncoID com foco no tratamento do câncer de próstata ( http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3390&sid=32)
Chegar até aqui, não foi nada fácil. Foi muito esforço, muito estudo, dedicação de toda uma vida e acima de tudo, superação. Além disso, não posso deixar de citar meu agradecimento especial aqueles que sempre me apoiaram, minha família (marido, filho, Pais e irmão) e todos aqueles, já citados e muitos outrosque fazem parte da minha história profissional. Nenhuma conquista é feita sozinha e na ciência o trabalho em equipe é essencial.