Sou Karina Saraiva, Tecnologista em Saúde Pública do Instituto Aggeu Magalhães, unidade da Fiocruz em Pernambuco. Estou lotada no Núcleo de Plataformas Tecnológicas, onde sou responsável pela Plataforma de Microscopia Eletrônica.
Sempre tive afinidade pelas Ciências da Vida. Ingressei na Universidade de Pernambuco (UPE), no ano de 2001, no curso de Ciências Biológicas. A biotecnologia e a genética eram destaques nesta época, com avanços importantes em tecnologias de sequenciamento de DNA e estudos com células-tronco. As novas descobertas e a curiosidade científica foram incentivadoras da minha formação. Iniciei a pesquisa científica na própria Universidade, no Laboratório de Bioquímica, onde trabalhei com lectinas. Em 2002 fiz seleção de estágio no LIKA, Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami da UFPE, sendo aprovada para o laboratório de biotecnologia. Em paralelo, fiz uma entrevista de estágio com a pesquisadora Dra. Christina Peixoto do IAM-Fiocruz, que trabalhava com microscopia eletrônica no antigo Departamento de Biologia Celular. A Fiocruz e os estudos com microscopia me conquistaram. Tornei-me Bacharel em Ciências Biológicas em 2004. Segui para o mestrado em Saúde Pública no IAM-Fiocruz no ano de 2005 e Doutorado em Saúde Pública, na mesma Instituição, no ano de 2007. Nesses períodos de formação científica desenvolvi projetos sobre o mecanismo de ação de fármacos em modelos biológicos e publiquei artigos em revistas indexadas. Dentre eles, o estudo sobre o efeito crônico do Sildenafil (Pfizer®), conhecido por Viagra, sobre células de Leydig e secreção de testosterona, sendo um dos artigos mais citados da revista na época. Ainda no doutorado fui desenvolver atividades técnicas em microscopia eletrônica no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), um centro multiusuário. Lá fui responsável por atender os usuários em microscópio eletrônico de transmissão e dar suporte no preparo de amostras biológicas. Em 2010 defendi minha tese de doutorado e tornei-me doutora aos 26 anos. Continuei no CETENE até o ano de 2012, quando fui aprovada em concurso público para docente na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), para o Departamento de Biologia, onde lecionei a disciplina de biologia celular nos cursos de ciências biológicas e farmácia. Ainda na UEPB tornei-me docente e coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Fui orientadora e co-orientadora de alunos de mestrado e orientadora de alunos de PIBIC. Em 2014 prestei concurso para a Fiocruz, sendo aprovada para o cargo de Tecnologista em Saúde Pública, para exercer atividades técnicas em microscopia no Núcleo de Plataformas Tecnológicas. Abracei a oportunidade de voltar a atuar na área de microscopia eletrônica, minha vocação científica, em uma Instituição protagonista em ciência e tecnologia em saúde.
A Rede de Plataformas Tecnológicas Fiocruz reúne equipamentos de grande porte e serviços de ponta, com suporte de uma equipe especializada. Com isso, possibilita o acesso de sua infraestrutura tecnológica e científica às Instituições acadêmicas e setor produtivo. Na Plataforma Multiusuária de Microscopia Eletrônica do IAM atendo usuários de diferentes áreas de atuação, incluindo biologia, química, física, farmácia, medicina, odontologia, nanotecnologia etc. Lá tenho a oportunidade de transferir meu conhecimento em morfologia para o desenvolvimento de estudos científicos, produtos e processos, como também contribuo na formação de estudantes de graduação e pós-graduação, além de estabelecer redes e conexões com pesquisadores. Ainda acompanho o avanço e as descobertas das diversas áreas do conhecimento, ampliando minha visão científica e produtividade. Tive a oportunidade de produzir importantes trabalhos sobre a interação de vírus com células hospedeiras, dentre eles o artigo sobre a replicação do Zika vírus no mosquito Culex quinquefasciatus, durante a epidemia de Zika e, mais recentemente, o estudo ultraestrutural da infecção pelo vírus da Chikungunya sobre a diferenciação neuronal em cultura celular 3D, além de outras produções relevantes.
Sobre a participação feminina na ciência, acredito que mulheres brilhantes devem brilhar. A ciência se faz com diversidade de gêneros, com pessoas de características e visões diferentes, trabalhando juntas, em equipe, na busca por conhecimento. A história cultural feminina trouxe para as mulheres inúmeros desafios, por isso desenvolveram grande capacidade de resiliência, organização, habilidades para desenvolver diferentes tarefas, tornando-as talentosas em gestão, liderança, elaboração e execução de ideias.
Hoje sou Fiocruz pela história que construí com muito esforço e dedicação. Mas, a produção do conhecimento continua visando contribuir com medidas para a saúde e bem-estar da população, através do suporte científico e tecnológico.