Sou Surza Lucia Gonçalves da Rocha, uma das responsáveis técnicas da Plataforma de Proteômica/RJ RPT02A – Espectrometria de Massas, instalada no Laboratório de Toxinologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro.
Nossa plataforma faz parte da Rede de Plataformas Tecnológicas da Fiocruz e também integra o sistema de Plataformas Multiusuários do IOC, gerenciado pelo Departamento de Apoio Técnico e Tecnológico (DATT). Sou graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Bioquímica pelo Instituto de Química da UFRJ.
Comecei na Fiocruz em 1989, no antigo Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica, então chefiado pelo Dr. Renato Cordeiro. Fui aluna de iniciação científica do Dr. Jonas Perales, pesquisador do Laboratório de Toxinologia, nesta época liderado pelo Dr. Haity Moussatché. Após a graduação, fui bolsista de aperfeiçoamento da FAPERJ, do CNPq e do Programa de Aperfeiçoamento Profissional (PAP) da Fiocruz. Atualmente, sou contratada pelo regime celetista.
Desde o início da minha jornada científica na Fiocruz, venho participando ativamente de diversos projetos na área de Toxinologia, com destaque para a caracterização bioquímica do fenômeno de resistência natural de alguns animais ao envenenamento por serpentes. Nesta linha de pesquisa, objetivamos contribuir para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas inovadoras, baseadas em proteínas capazes de neutralizar a atividade tóxica de diversos venenos. Vale ressaltar que os acidentes ofídicos representam um grave problema de saúde pública, principalmente em países tropicais e subtropicais e, desde 2017, foram incluídos na lista de doenças tropicais negligenciadas prioritárias da Organização Mundial da Saúde.
Em 2002, a equipe do Laboratório de Toxinologia participou, em conjunto com colegas da UERJ, UFRJ, UENF, PUC e INCA, da criação da Rede Proteômica do Estado do Rio de Janeiro, pioneira na implementação das tecnologias proteômicas no país. No ano seguinte, inauguramos a Plataforma de Proteômica da Fiocruz, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde (PDTIS), que atualmente integra a Rede de Plataformas Tecnológicas da Fiocruz, vinculado à Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas.
São oferecidos serviços de análise de peptídeos e proteínas por espectrometria de massas em diferentes equipamentos (Q Exactive HF-X, Q Exactive Plus, LTQ Orbitrap XL e MALDI-TOF/TOF), além do preparo de amostras para caracterização proteômica (ex.: extração proteica, digestão, dessalinização, purificação por cromatografia líquida e análise por eletroforese). Como responsável técnica da plataforma, minhas principais atribuições incluem o processamento de amostras e o treinamento técnico de usuários interessados. Sou responsável também por garantir a implementação dos princípios de QBA (Qualidade, Biossegurança e Ambiente), monitorar os estoques de material de consumo, elaborar os pedidos de compras, além de providenciar a manutenção/reparo de equipamentos.
Anualmente, a Plataforma de Proteômica recebe cerca de 500 solicitações, que requerem o emprego de diversas abordagens metodológicas para caracterização de inúmeras amostras proteicas em diferentes contextos biológicos, principalmente doenças infecto-parasitárias (ex.: arboviroses, infecções fúngicas, doença de Chagas e helmintíases) e crônico-degenerativas, tais como câncer. Durante a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, a plataforma analisou prioritariamente amostras proteicas de projetos relacionados com a COVID-19. Em média, atendemos pedidos de 30 a 40 grupos de pesquisa por ano, incluindo diversas unidades da Fiocruz (IOC, Bio-Manguinhos, Farmanguinhos, INI, INCQS, René Rachou), além de instituições acadêmicas do estado do Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UENF) e de outras unidades da federação (UNIFESP, Instituto Butantan).
Trabalhar no Laboratório de Toxinologia e na Plataforma de Proteômica/RJ é extremamente prazeroso, sobretudo pela excelente convivência com os meus colegas. Tenho muito orgulho de fazer parte da Fiocruz, uma instituição pública de excelência, pilar fundamental do SUS, onde trabalho com muita alegria, seriedade e dedicação. É gratificante saber que meu trabalho contribui para que pesquisadores tenham acesso a tecnologias de ponta, que podem gerar dados de importância significativa para o avanço do conhecimento sobre diversas patologias que afligem a população brasileira.